Agostinho Batista de Freitas

1927, Campinas, SP
1997, São Paulo, SP

Foi com 17 anos para a cidade de São Paulo, fixando-se em Imirim. Filho de pais portugueses imigrantes da Madeira, trabalhadores da terra no interior do Estado, Agostinho em criança carpia roça e cuidava da criação dos animais. Seus primeiros desenhos foram riscados no chão e nas árvores. Alfabetizou-se em São Paulo e exerceu diversos ofícios: ajudante de pedreiro, encaixotador, eletricista.
Foi revelado por Pietro Maria Bardi, que o encontrou vendendo seus trabalhos aos domingos na Praça do Correio e organizou a sua primeira exposição, no Museu de Arte de São Paulo (Masp), em 1952.
Pinta a paisagem urbana da cidade de São Paulo: “A cidade é assim, por esses arranha-céu, por esses prédio, parece que a gente tá no meio de uma rocha, parece um mistério, parece um cemitério” (entrevista a Lélia Coelho Frota, 1976).
Agostinho também pintou o campo, mas preferiu a cidade ao interior: “Luminoso pra cá, letreiro pra lá, naquilo estuda tanta coisa na cabeça, né. Agora, no mato não, ce só vê mato, a única coisa é pensar em ir plantar, né.” A cidade, a um tempo lugar da arquitetura de lápides e de movimento, de feição hiper-realista. E a roça, nas suas palavras, “quadro de imaginação”, talvez pela idealização da distância e da nostalgia do passado. Entre essas representações de cidade e campo, a que se acrescentaram algumas cenas de ritual católico e raríssimas naturezas-mortas, Agostinho deu forma única ao seu talento de criador. Participou de inúmeras mostras no Brasil e no exterior, entre as quais citamos a Bienal de Veneza (1966), a Brazilian Primitives, nos Estados Unidos (1975), e a Arte Naïf: Cinco Artistas, em São Paulo (1998).

Pequeno Dicionário do Povo Brasileiro, século XX |
Lélia C. Frota – Aeroplano, 2005

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